Justiça deve arquivar processo sobre queda de helicóptero em Trancoso



O inquérito instaurado pela Secretaria de Segurança da Bahia para apurar as causas da queda do helicóptero modelo Esquilo, ocorrida no dia 17 de junho de 2011, na praia de Trancoso, em Porto Seguro, causando a morte dos sete ocupantes, está há quatro meses na Vara Criminal do Fórum da Comarca de Porto Seguro aguardando resolução do juiz André Marcelo Strogenski. Na aeronave estava a estudante Mariana Fernandes Noleto, de 22 anos, namorada do filho do governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, além da mulher do empresário Fernando Cavendish, dono da construtora Delta, Jordana Kfuri; o filho do casal, Luca Kfuri de Magalhães Lins, de três anos; Fernanda Kfuri, Gabriel Kfuri Gouveia, a babá Norma Batista de Assunção e o empresário Marcelo Mattoso Almeida.

O delegado titular da Delegacia do Turista (Deltur), Ricardo Feitosa, que conduziu as investigações, concluiu que Marcelo Mattoso Almeida, piloto do helicóptero, foi o responsável pelo acidente. Ele estava com a habilitação vencida e voava em condições meteorológicas adversas. “O que causou a queda da aeronave foi uma conjunção de fatores. O piloto estava com a habilitação vencida e conseguiu autorização para decolar fornecendo ao controle de voo o registro de outro profissional. Ele também não avaliou as condições do tempo, o que era de sua competência”, enumerou o delegado, que indiciou o piloto por homicídio culposo.

No momento, o processo tramita pelo Fórum da Comarca de Porto Seguro, encaminhado pelo Ministério Público do Estado desde o dia 20 de março. Segundo o juiz André Marcelo Strogenski, o seu parecer pode caminhar para o arquivamento, uma vez que o réu morreu na queda da aeronave. No entanto, Strogenski ressaltou que o arquivamento não impede os familiares das vítimas de moverem ações indenizatórias contra a União, já que o piloto atuava com a carteira profissional vencida há seis anos e faltou fiscalização do órgão competente. O juiz estima que a conclusão do processo deve sair na próxima semana.


Em agosto de 2011, o juiz Gustavo Quintanilha, da 15ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio determinou o bloqueio dos bens do empresário Marcelo Mattoso Almeida. A decisão foi tomada para garantir o pagamento de possíveis indenizações. A autora da ação contra o espólio de Almeia é Mara Jacobi Kfuri, mãe de Jordana e Fernanda Kfuri e avó dos pequenos Luca e Gabriel.
A queda e o escândalo político
O grupo de amigos do governador Sérgio Cabral e do empresário Fernando Cavendish saiu do Aeroporto Internacional de Porto Seguro e tinha como destino um hotel de Luxo em Trancoso, onde acontecia a festa de aniversário de Cavendish. Além dessa viagem, Marcelo ainda retornaria ao ponto de partida mais cinco vezes, para pegar outros convidados do empreiteiro, entre eles o governador Cabral e seu filho Marco Antônio. O acidente tomou proporções para além da esfera criminal e trouxe à tona as estreitas ligações entre Cabral e Cavendish, acusado de tráfico de influência no governo federal para vencer licitações da sua empresa, a Delta Construções, e em investigações contra o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

No mesmo ano da queda do helicóptero na Bahia, a Delta Construções tinha contratos com o governo do Rio e faturou mais de R$ 1,4 bilhão em licitações de obras. Porém, uma operação da Polícia Federal, a Monte Carlo, desmantelou as negociações obscuras e fraudulentas de Cavendish no estado. A Delta Construções, que inicialmente tinha privilégios somente no governo Cabral, virou alvo de investigação da Polícia Federal em outros estados do país.


Na operação Mão Dupla, a PF comprovou novas irregularidades cometidas pela empreiteira por crime de superfaturamento e desvio de dinheiro em obras públicas no Pará. Em outra investigação, a polícia comprovou o envolvimento de Cavendish no esquema de financiamento de campanhas eleitorais, em parceira com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. As investigações evidenciaram que Cavendish tinha outros comparsas para superfaturar obras, através da assinatura de aditivos aos contratos iniciais firmados em valores subestimados, mediante pagamento de propinas a servidores do estado.

Jornal do Brasil  

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