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Após moeda de R$ 1 ser achada em acarajé, antropólogo vê relação com orixás e sorte: 'Fartura e felicidade'

Após uma moeda de R$ 1 ser achada em um bolinho de acarajé em Salvador, usuários das redes sociais comentaram sobre a possibilidade do quitute ser oferecido aos orixás para dar sorte nas vendas do local.

 

“Essa foi oferecida para os orixás para dar sorte à vendedora e por acaso caiu no prato dele”, disse uma internauta

 

No entanto, para a presidente da Associação Nacional de Baianas de Acarajé (ABAM), Rita Santos, a situação não se tratou de uma oferenda, e sim de um erro da baiana ou da ajudante no tabuleiro.

“Isso não existe. Ali foi um descuido da baiana ou mesmo da ajudante. Dentro do terreiros, em sua oferenda sagrada, pode sim, ter, mas na rua, não”, garantiu.

Apesar da afirmação da presidente da ABAM, o antropólogo e professor da Escola de Nutrição da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Vilson Caetano acredita que, de fato, se tratava de um oferenda.

 

“Existe a prática de se ‘enfeitar’ os acarás [acarajés] com moeda pedindo dinheiro e movimento no comércio. O curioso é que geralmente estas oferendas não transitam entre clientes, mas ficam entre os outros acarajés”, explicou.

 

Segundo o antropólogo, o quitute oferecido se chama acarajé de preceito e é diferenciado dos outros bolinhos que ficam no tabuleiro, de onde não deve sair, já que é oferecido aos orixás.

 

“Ele é oferecido ao orixá Exu, que é orixá do comércio; é oferecido ao orixá Ibeji, que são os gêmeos, que está ligado à comida e ao comércio também; e está relacionado também ao orixá Oyá, que é lembrada como a dona do acará, que nós chamamos de acarajé”, complementou.

 

De acordo com Vilson, algumas baianas costumam jogar o acarajé de preceito na rua, antes de iniciar as vendas, enquanto outras distribuem os bolinhos ou deixam no tabuleiro. “Provavelmente foi alguma pessoa desavisada que pegou esse bolinho e colocou no meio da porção”, especulou.

Questionado se o acarajé poderia trazer sorte e dinheiro para o cliente, o antropólogo disse que sim.

 

“É como se a fartura e felicidade tivessem escolhido ele. Para os africanos, dar é bom para quem doa e para quem recebe”, destacou.

Relembre o caso

No dia 12 de outubro, o engenheiro Pedro Sabóia, de 31 anos, e a esposa dele, encontraram uma moeda de R$ 1 dentro de um bolinho de acarajé que haviam comprado.

Ele compartilhou fotos do “acarajé cashback” nas redes sociais e surpreendeu os amigos e seguidores. Na legenda da publicação, ele detalhou como tudo aconteceu.

“Dia das crianças, final de tarde, sol e praia. Essa combinação já pede um acarajé com coquinha, ou cerva para os cachaceiros. Como de costume, e para quem é bom baiano e manja do quitute dos orixás, pedimos acarajé tipo bolinho, que tem mais daquela crosta crocante, que para mim é a melhor parte. Quando já estávamos pela metade da porção, vem a surpresa, tinha dinheiro na comida!”, escreveu.

“Aliás, dinheiro não, uma moeda de um real, daquelas bem ‘grandona’ e cintilante. Na verdade, a moeda estava integrada ao bolinho, fazia parte do alimento, parecendo que tinha sido estrategicamente posicionada para dar um charme ao prato, padrão raio gourmetizador. A resenha foi imediata. Teve gente que disse que era cashback, lembrança de dia das crianças, sinal dos céus, mentira, o escambau. Quando Soteropobretano largou um “Meu Deus”, ficou claro que essa experiência tinha de ser compartilhada com os mais chegados. E está aí a foto para vocês. Isso que eu chamo de valorizar a experiência do cliente”, brincou na legenda da publicação.

Pedro e a esposa levaram a moeda para casa para guardar de recordação. Ele disse que não falou com a vendedora sobre o ocorrido para não deixá-la constrangida. “Isso nos rendeu boas risadas, vida que segue”.

Por G1

 
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